Me encanta trabalhar com adolescentes, acompanhar seus passos de saída da infância e amadurecimento pessoal, rumo a vida adulta. Tenho aprendido muito com eles e com suas famílias, cada uma com sua história muito particular.
Nesta fase é necessário olhar o contexto que os envolve, o jovem, sua família, escola, saber dos amigos e do seu campo relacional. É fundamental entender as nuances da interação familiar e poder trabalhar o que não está bem. Para isto conto com a participação dos pais. Quando eles participam, vejo que o desenvolvimento do filho torna-se mais fluído.
Com os pais, costumo fazer alguns encontros de esclarecimento quanto as reais
necessidades do filho, algumas revisões de posturas e o restabelecimento da confiança.
Este é bem importante, pois alguns pais chegam com a confiança no seu filho muito fragilizada, assim tomando atitudes rígidas quanto ao que acreditam ser necessário para o seu filho.
Outra questão importante está relacionada as resistências dos pais quanto as mudanças do filho, não são raros aqueles que temem deixá-los sair da infância. Algo compreensível, que acontece por motivos variados.
Percebo muito medo em ver os filhos se distanciarem. Quando as mudanças começam, alguns manifestam o quanto estão sentindo falta do filho, falta do filho obediente, da companhia, das manifestações afetivas. Já outros trazem seus medos projetados no mundo lá fora, ressaltam que o lugar mais seguro é a própria casa e o quanto a melhor companhia é a dos pais ou irmãos. Entendem que assim reduzem os riscos para seus filhos.
Estas falas dizem muito e demandam comportamentos que acabam dificultando o amadurecimento. Porém é interessante perceber que estes pais querem que seus filhos cresçam, mas não percebem que contribuem com a dificuldade de amadurecimento deles.
Reforçar laços de dependência, inibe o uso dos próprios recursos do adolescente e promove um tanto de falta de confiança em si mesmo. Esta forma de lidar, normalmente, vem de pais muito atentos e preocupado, os tidos super protetores, que de jeito algum desejam afetar seus filhos negativamente, ao contrário, mas acabam afetando. Um conflito para todos.
Quando percebo isto acontecendo, costumo ver qual as particularidades desta família, porque e como está acontecendo. A serviço de que? É a pergunta que me faço e a resposta será um dos meus objetos de trabalho.
Além disso, é necessário reforçar a confiança na estrada já trilhada pelo filho, no já realizado com a família e o quanto agora é a hora das próprias experiências do jovem.
Em alguns casos, indico psicoterapia de grupo para o jovem. Ela costuma ajudar a amadurecer com o apoio dos semelhantes. São trabalhos com técnicas específicas que favorecem o desenvolvimento e diferenciação de self.
O grupo na adolescência tem um fundamental papel, contribui muito bem para a importante separação dos pais e definições de identidade própria. É encantador acompanhá-los se desenvolvendo, valorizando as diferenças de identidades, suas características pessoais e respeitando o que é do outro. Sendo muito produtivo para um jovem que se encontra um tanto isolado no seu processo de saída da infância.
Portanto pais, é preciso confiar! No seu filho, na educação dada até agora, no seu poder e capacidade de suporte e na própria reorganização que tenderá a se reestabelecer. Os filhos vão e voltam, sempre amando os pais, por mais que a “crise produtiva” da adolescência os distancie de nós.
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